Filha da Mãe Preta

E eis que a maldição ataca de novo... Não, a sério. Parece que, à razão de pelo menos uma vez por ano, quando pego na Wee e escolho um restaurante decente para lho apresentar, o dito ou se mudou ou está inusitadamente e sem mais fechado para férias. Não vou desta vez designar qual era o meu alvo preferencial uma vez que tenciono realmente voltar a adormecer a Wee e levá-la ao sítio a que me proponho.
(Nota de/para o próprio: assumir em público intenções de rapto anula qualquer álibi que possa vir a apresentar mais tarde.)

De volta ao tema. Não identifico o restaurante, mas identifico a zona. Ribeira. Após um passeio relativamente longo, buscava um recanto onde pudesse relaxar, gozar de alguma boa música e alimentar o corpo tocado pela fadiga. Desce-se à ribeira por ruelas e calçadas e mergulha-se na zona menos portuguesa do velho Porto. A Ribeira é uma zona poliglota, cosmopolita, avançada, mas austera e impõe ainda o severo respeito do Porto Antigo.
Anda-se e ciranda-se, vêem-se menús, comparam-se preços. Uma casa com mesas vazias acaba por ser opção. O "Filha da Mãe Preta" (o link leva-nos até ao Lifecooler). Repare-se, eu pus o nome do restaurante entre aspas já para evitar mal-entendidos. Sentamo-nos e aguardamos. Atrás de mim, uma família inglesa com pouco de Júlio Dinís. Atrás dela, franceses são substituídos por espanhóis. Ao fundo, era capaz de jurar que ouvi qualquer coisa em turco, mas eu não sei falar turco por isso nem vou referir isto. Atendimento rápido: Eu peço uma francesinha especial, ela, "espetated" de perú com arroz e salada.

Há verdadeiras escolas de francesinhas. No que concerne à minha escola eu desfaço a francesinha por camadas, o que me permite ver o que vai lá dentro. Nesta em particular, queijo e pão, obviamente, salsicha fresca, fiambre e um outro enchido de sabor suave, bife (bastante tenro e bem passado), outra fatia de pão e o molho. O molho! Este não era picante, não era salgado, não era aguado... Estava adaptado a estômagos de "camónes e aveques", mas bem condimentado. A acompanhar, uma Sagres Bohemia. Considerei apropriada no acompanhamento da francesinha. Uma cerveja nada agressiva no sabor para não desfazer o paladar do prato, mas forte o suficiente para o acompanhar sem desprimor.
A Espetada de perú com arroz e salada pareceu-me também estar bastante bem confecionada... não a provei, mas desapareceu toda do prato pelo que tenho razões para acreditar que estivesse realmente boa. Salada a acompanhar e não a encher o prato são pequenas coisas que ficam sempre bem e um ponto realmente positivo neste restaurante. De bebida, foi pedido um Ice Tea de Manga para refrescar e acompanhar a espetada.

Menos positiva foi a demora na entrega da conta. Abona ao pessoal da casa o facto de ela estar cheia e de não terem mãos a medir entre as várias mesas, mas vagariam uma mesa mais rapidamente se fossem mais céleres na apresentação da conta. Não mancha no entanto a eficiência com que fomos servidos nem a simpatia demonstrada ao longo da refeição. A repetir, com mais tempo, mas com o mesmo apetite.

Um total de 18 euros para dois, numa noite lindíssima à beira-Douro.

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